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14/12/2010 - Turmas concluem 1º módulo básico de LIBRAS em São Paulo

Mais uma turma com 25 servidores conclui amanhã (15/12), o 1º Módulo Básico do curso de Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, principal meio de comunicação dos surdos. Esta foi a quarta, de cinco turmas que iniciaram o curso em agosto deste ano, fechando 2010 com 125 servidores capacitados.

Neste módulo, com carga horária de 60 horas, o servidor aprende como funciona a língua, quais são os principais sinais e a estrutura básica gramatical. Ao contrário do que se pode imaginar, a Língua Brasileira de Sinais não envolve apenas mímica ou gestos soltos. Trata-se de uma língua como outra qualquer, com estrutura gramatical própria.

 A Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficialmente em 2002, com a publicação da Lei n.º 10.436. Em 2005 veio o Decreto n.º 5.626, que regulamentou a LIBRAS como disciplina curricular e obrigou os órgãos públicos a capacitarem ao menos 5% dos servidores para atendimento na língua de sinais.

 “A importância do curso está na possibilidade de promover a inclusão dos surdos na sociedade, permitindo-lhes exercer seu direito à cidadania”, diz Priscila Mourão, uma das instrutoras do curso de LIBRAS promovido aos servidores da Justiça Federal em São Paulo. “Assim nos tornamos multiplicadores da língua e da cultura deles (surdos)”.

 Para a servidora Fernanda Siqueira da Cruz, supervisora do setor de processamentos ordinários na 10ª Vara Federal Cível da capital, iniciar a LIBRAS foi fascinante. “Entender o contexto no qual vive o surdo é essencial para que possamos, por exemplo, explicar corretamente uma fase processual no balcão. Com o amparo legal a possibilidade dos surdos exigirem seus direitos aumenta e, consequentemente, o atendimento em LIBRAS será maior”.

 A iniciação na língua serviu para incentivar Fernanda a continuar os estudos. “Se a Justiça Federal não oferecer a continuação do curso vou fazer por conta própria. Para se comunicar corretamente no idioma é essencial a prática, só viável com o aperfeiçoamento contínuo. Os surdos são cidadãos como todos nós e merecem o nosso respeito e consideração”, opina.

 Maisa Fátima Marelli trabalha como assistente no gabinete da 2ª Vara de Execuções Fiscais da capital. Certo dia, logo após ter iniciado o curso, um surdo apareceu no balcão da Vara pedindo informações. “Fiquei apreensiva, não sabia se conseguiria me comunicar com ele afinal só tinha assistido a duas aulas. Perguntei (em LIBRAS) se ele era surdo, ele respondeu que sim e fez alguns sinais que não consegui entender. Pedi para repetir devagar, então me entregou um papel explicando o que ele queria. Nossa comunicação foi parte em LIBRAS, parte em escrita. No fim, acho que ficou satisfeito quando percebeu que me esforcei e conseguimos estabelecer um contato”.

 A servidora diz que aprender LIBRAS está sendo maravilhoso. “Não é como aprender um idioma qualquer, é aprender um idioma muito interessante com uma finalidade nobre, de inclusão social. Quero continuar estudando pois é muito difícil explicar para o surdo, em LIBRAS, os termos jurídicos, já que o idioma não tem palavras específicas para tais termos”.

Marcos Tadeu de Freitas nasceu prematuro, com seis meses e meio de idade. Sua mãe era diabética. Como resultado teve má formação no aparelho auditivo e nunca ouviu com perfeição. Sua capacidade auditiva é zero num dos ouvidos e 5% no outro. Hoje, usando aparelho auricular e depois de muito estudo, consegue oralizar e se comunicar com os ouvintes. Leva uma vida agitada ensinando LIBRAS, inclusive na Justiça Federal. “É muito difícil para o surdo viver nessa sociedade. As pessoas evitam nos atender, até mesmo quando pagamos pelo serviço. Isso também acontece nos órgãos públicos. Precisamos mudar essa situação e garantir os nossos direitos”.

Priscila Mourão, que coordena o curso em São Paulo e é ouvinte, concorda com Marcos e defende a LIBRAS na Justiça Federal. “O retorno dos participantes tem colaborado muito para a troca de conhecimento. Os grupos trazem descrições detalhadas de diversas funções, alguns já tiveram contato com o surdo e perceberam a importância de estabelecer a comunicação de forma clara, para que ele possa ter acesso às informações”. (RAN)

Fotos: Ricardo Nabarro

Publicado em 19/01/2018 às 17h17 e atualizado em 09/09/2024 às 16h52