TRF3SPMSJEF

Acessibilidade

alto contraste
Transparência e Prestação de contas
Intranet - Acesso Restrito
Menu
InternetNotíciasNotícias 2009

01/12/2009 - Itaquera inaugura teatro com recursos da Justiça

“Mudança de paradigma”, “coragem”, “determinação”, foram algumas das palavras mais pronunciadas na manhã daquele sábado, 28/11/2009, durante a inauguração do Teatro Nelson Lobo de Barros, erguido na instituição beneficente Casa do Cristo Redentor (CCR), em Itaquera, zona leste da capital.

Graças à entrega de R$ 730 mil pela Justiça Federal, provenientes de processos que tiveram leilão e bazar beneficente em trâmite na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, foi possível concluir a obra do teatro, que existia apenas em parte na estrutura, abandonada desde 1975.

Com 340 lugares, área total de 861 m2 (sendo 91 m2 de palco e 220 m2 de camarins), cheiro de tinta ainda no ar, o teatro possui equipamentos de projeção de audiovisual, estrutura técnica de sonorização, ar-condicionado, foyer e lanchonete. Recebeu o nome Nelson Lobo de Barros em homenagem ao fundador da instituição CCR, iniciada juntamente com sua esposa Mathilde Rocha Barros (ambos falecidos).

A CCR foi fundada em 1956 e atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social (risco e abandono). Um dos objetivos do casal fundador era o de levar cultura para os confins da zona leste e por isso idealizaram a construção de um pólo cultural, com teatro, sala de música e biblioteca.

“Quando recebemos esse valor foi um estímulo muito grande para todos nós, de esperança em continuar lutando por aquilo em que acreditamos”, disse o presidente da CCR, Antônio Carlos Laferreira, o Toninho. “Sou morador daqui, nasci no extremo leste da capital e não temos muitas possibilidades. Ver inaugurar um teatro como esse, numa região onde muitas pessoas nunca assistiram a uma peça teatral, é emocionante”, disse.

Segundo o presidente da instituição, além de peças teatrais, serão realizadas no local oficinas de teatro, música e dança, voltadas principalmente para os jovens carentes da região. “Temos no entorno cerca de 200 mil pessoas que serão beneficiadas com cultura e novos cursos educacionais”.

 A entrega dos valores à Casa do Cristo Redentor, determinada pelo juiz federal Fausto Martin De Sanctis, foi possível mediante projeto específico e cadastro junto à 6ª Vara Federal Criminal. Outras entidades também têm sido beneficiadas com recursos provenientes de delações premiadas ou bazar beneficente, sendo exigido, sempre, prestação de contas acompanhadas pelo Ministério Público Federal.

Os critérios para a escolha da instituição são muitos, a começar pela verificação da documentação (que precisa estar regularizada), visita dos oficiais de justiça às entidades e formação de uma listagem nas varas do Fórum Criminal. “Para a escolha priorizei atividades essenciais humanitárias, que estejam localizadas na periferia da cidade, afinal as contribuições nesses lugares, acredito eu, são escassas e difíceis de se obter”, conta o juiz.

Segundo ele, a Justiça Federal tem solicitado aos acusados que, além de falarem a verdade, contribuam com valores em espécie como forma de recuperação do produto do crime. “Acredito no processo penal como um processo totalizador, que não busca apenas eventual julgamento, mas reverter socialmente à comunidade tudo o que lhe foi subtraído”.

Fausto De Sanctis disse estar emocionado com a inauguração do teatro, “a concretização de uma ideia, não minha, mas dos fundadores da instituição. É um momento de alegria que, espero, a Justiça tome como algo a ser seguido”.

Para o subprefeito de Itaquera, Laert de Lima Teixeira, representante da prefeitura no evento de inauguração, a coragem, determinação e quebra de paradigma na decisão do juiz foi fundamental para a concretização do teatro. “Sabemos que é um enfrentamento difícil, porque é muito mais fácil para o juiz recolher o recurso para a União, mas ele (De Sanctis), com determinação, tranquilidade e sabedoria, está rompendo esse paradigma ao direcionar os recursos diretamente para entidades como essa. Parabéns. Não esmoreça. Nós precisamos que o Judiciário saia da posição longe das questões humanas e seja uma referência, para que possamos ter entidades como essa servindo a comunidade, principalmente àqueles que mais precisam”.

Além dos R$ 730 mil reais destinados às obras do teatro, foram entregues outros R$ 100 mil para o projeto CCRrecicla, voltado para coleta, separação de resíduos de lixo e educação ambiental da instituição. (RAN)

Publicado em 23/01/2018 às 17h31 e atualizado em 25/11/2024 às 14h37