Na última segunda-feira (1/8), a Justiça Federal participou de um evento realizado no Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP que divulgou a pesquisa científica “Tráfico Internacional de Entorpecentes – o fluxo no maior aeroporto internacional do Brasil”, elaborada por dois magistrados federais e uma defensora pública. Na ocasião, também foi lançado oficialmente o “Prorrest – Programa de Ressocialização de Réus Estrangeiros”, um trabalho do Núcleo de Cidadania da Central de Conciliação de Guarulhos com o GRU Airport.
A ideia da pesquisa deu-se em 2011, quando os juízes federais Jorge Alberto Araújo e Guilherme Roman Borges, juntamente com a defensora pública Érica Hartmann, viram a necessidade de se fazer um levantamento quantitativo e qualitativo das pessoas que eram presas por tráfico no aeroporto, considerando o elevado número de ações sobre isso que tramitavam na Justiça.
“Essa situação do tráfico de drogas nos preocupava muito. Nós recebíamos, em média, um flagrante por dia e precisávamos entender porque isso acontecia”, explica Jorge Alberto Araújo, que em 2011 atuava na 1ª Vara Federal de Guarulhos/SP. Atualmente, ele é juiz na Justiça Federal do Maranhão.
“O traficante do aeroporto não é aquele tipo de traficante que estamos acostumados a ver. É diferente daquele do Rio de Janeiro, de organização criminosa, com fuzil. Ele é uma pessoa que foi seduzida por uma oferta financeira e que nunca havia se envolvido com crime anteriormente”, explica o magistrado.
E o resultado da pesquisa confirma essa descrição. Segundo o levantamento, 65% dos réus presos por tráfico internacional de entorpecentes possuem ensino médio completo e 20% tem ensino superior completo.
Outros dados que chamaram a atenção das autoridades é que em 97% das vezes a substância em trânsito é a cocaína, 76% dos traficantes são estrangeiros, sendo quase metade africanos, e os principais destinos para a droga são África do Sul, Espanha, Holanda e Portugal. A média de idade dos traficantes é de 34 anos.
Notícia alterada em 02/06/2017