Nos dias 25 e 26/2 foi realizado em Brasília/DF, no auditório do Conselho da Justiça Federal (CJF), o “Encontro Nacional de Comunicação do Poder Judiciário”, promovido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para debater os rumos e estratégias de divulgação das metas do Judiciário e o ingresso dos tribunais nas redes sociais.
Com a participação dos assessores de comunicação dos Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, STE e STM), dos Tribunais Regionais Federais e Estaduais e das Seções Judiciárias da Justiça Federal, o evento contou com a presença da ministra do STJ Eliana Calmon, que reafirmou a necessidade de um relacionamento mais profissional com a mídia. “Vamos por fim à cultura do biombo, que esconde o Judiciário da sociedade. Precisamos nos aproximar da imprensa de forma madura, não como ‘amiguinho’ dos jornalistas mas sim de maneira profissional”, disse.
Ao se referir sobre a dificuldade que muitos magistrados têm de se comunicar claramente com a imprensa, Eliana Calmon ressaltou a necessidade de preparar melhor os porta-vozes do Poder Judiciário. “Precisamos estar sintonizados com a sociedade. O exercício da comunicação do juiz precisa ser mais trabalhado, não podemos ter uma linguagem técnica que a sociedade não entenda”.
A ministra destacou que "a transparência é a palavra de ordem do século XXI", sendo dever dos agentes públicos prestar contas à sociedade de todos os seus atos e realizações. Ela defendeu a valorização do trabalho dos profissionais de Comunicação no Poder Judiciário, afirmando que eles são fundamentais no processo de aproximação com a sociedade.
O secretário-geral do CNJ, Fábio Cesar dos Santos de Oliveira, falou sobre a importância de um diálogo mais amplo com a sociedade e destacou a necessidade de se cuidar da relevância das informações. “Não se pode imaginar o Judiciário, hoje, como uma instituição hermética [...]. Ao mesmo tempo, a comunicação social precisa ficar atenta, em função da premência do tempo, pois muitas vezes alguns assuntos perdem importância apenas porque não são divulgados no tempo adequado”, afirmou. Para o secretário, é fundamental que a comunicação social dos tribunais não seja instrumentalizada. “A comunicação precisa ser afinada com a finalidade institucional do Judiciário e não com os interesses pessoais. Precisa atender ao interesse público”.
A discussão sobre a importância das redes sociais em instituições públicas e a segurança da informação nessas redes marcou o segundo dia do encontro. O gerente de contas do Google, André Palis, que participou do evento, informou que os brasileiros passam hoje mais tempo navegando na internet do que vendo televisão ou consultando outros tipos de mídia. Segundo ele, são 94,2 milhões de internautas, que mesmo quando se interessam por um anúncio na TV voltam ao computador para conferir as informações no site do anunciante.
O coordenador de mídias sociais da Agência Click, Nelson Leoni, observou que as instituições precisam avaliar com calma e se prepararem para estar nas mídias sociais. Segundo ele, é importante que no momento em que a instituição abrir um canal de interação ela esteja pronta para dar as respostas e informações demandadas pelos internautas. “A falta de resposta é sempre prejudicial. A entrada nas redes sociais tem de ser bem pensada, pois uma volta atrás pode ser desastrosa”, alertou.
Na opinião do coordenador de MBA e pós-MBA em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Nino Carvalho, o uso qualitativo de redes sociais como Twitter e Facebook é o caminho para o diálogo direto com o cidadão brasileiro ávido por informações do Poder Judiciário. “Após vencer a barreira da imagem ao ocupar as mídias digitais, os tribunais brasileiros precisam, agora, investir na interação com a sociedade e garantir mais qualidade à comunicação”, avalia Carvalho.
"Na minha visão, este seminário pode ser um marco. O Judiciário recebe forte demanda dos cidadãos brasileiros por informações e precisa dar conta dela sem a intermediação da imprensa", sugeriu o especialista. Na visão de Carvalho, está ocorrendo uma mudança cultural e uma conversão de mentalidade nas organizações, privadas e do setor público, sobre o papel dos profissionais de Comunicação. A expectativa agora é de que, na nova fase das mídias sociais, a contextualização da informação ganhe destaque, sobretudo no Facebook. "É o espaço ideal para os tribunais aprofundarem as informações do interesse da sociedade", disse. (RAN)
Fotos: Ricardo Nabarro